Quem se lembra daquela propaganda antiga que dizia assim:
O PRIMEIRO SOUTIEN A GENTE NUNCA ESQUECE!
Pois bem...
Há alguns anos atrás, estava na então Delegacia Regional do Trabalho na PB, hoje Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, quando ouvi, estarrecida, o relato dos colegas paraibanos sobre uma fiscalização que efetuaram numa fábrica, conhecida pela sua produção de lingerie.
O colega, médico do trabalho, nos deu detalhes acerca dos afazeres desenvolvidos pelas empregadas da dita empresa. Eram todas do sexo feminino e preferencialmente adolescentes.
Essa preferência se devia aos movimentos finos que precisavam ser feitos com os dedos para confeccionarem, cada uma, quatro mil lacinhos por dia para decorar os soutiens.
Esses lacinhos eram feitos com uma fita sintética, produzida a partir de derivados de petróleo e ao serem cortadas, desprendiam aerodispersóides praticamente invisíveis, que eram inalados pelas adolescentes trabalhadoras.
As pedrinhas imitando cristal, que prendiam os lacinhos aos soutiens, eram pregadas com ultrassom.
Gilvan nos revelou ter encontrado nas fichas médicas das empregadas a descrição de quadro de dor nos pulsos em 25% das adolescentes, cujos movimentos efetuados com os dedos, utilizando um padrão de metal, causavam-lhes tenossinovite.
A colega Raquel relatou que mandou retirar as adolescentes daquele trabalho, por ser insalubre, com proibição expressa para tal faixa etária, tendo lavrado o competente Auto de Infração.
Foram os colegas surpreendidos com a defesa do Auto de Infração, onde a empresa insistia em permanecer com as adolescentes em tal situação, alegando que lhes forneceriam Equipamento de Proteção Individual - EPI e que tal solução seria possível, conforme nova Portaria a esse respeito.
Como são rápidos em descobrir falhas e lacunas nas normas para continuarem explorando impunemente os jovens trabalhadores!
Isso não aconteceria nos dias atuais, pois o uso de EPI não pode ser utilizado como argumento para anular a insalubridade ou periculosidade, quando se trata de adolescentes.
As adolescentes continuaram trabalhando, naquela época, e literalmente caíram “no laço” da DORT, já se ressentindo das dores nos pulsos, tornando doloroso até o ato de desabotoar seu próprio soutien.
O PRIMEIRO SOUTIEN A GENTE NUNCA ESQUECE!
Pois bem...
Há alguns anos atrás, estava na então Delegacia Regional do Trabalho na PB, hoje Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, quando ouvi, estarrecida, o relato dos colegas paraibanos sobre uma fiscalização que efetuaram numa fábrica, conhecida pela sua produção de lingerie.
O colega, médico do trabalho, nos deu detalhes acerca dos afazeres desenvolvidos pelas empregadas da dita empresa. Eram todas do sexo feminino e preferencialmente adolescentes.
Essa preferência se devia aos movimentos finos que precisavam ser feitos com os dedos para confeccionarem, cada uma, quatro mil lacinhos por dia para decorar os soutiens.
Esses lacinhos eram feitos com uma fita sintética, produzida a partir de derivados de petróleo e ao serem cortadas, desprendiam aerodispersóides praticamente invisíveis, que eram inalados pelas adolescentes trabalhadoras.
As pedrinhas imitando cristal, que prendiam os lacinhos aos soutiens, eram pregadas com ultrassom.
Gilvan nos revelou ter encontrado nas fichas médicas das empregadas a descrição de quadro de dor nos pulsos em 25% das adolescentes, cujos movimentos efetuados com os dedos, utilizando um padrão de metal, causavam-lhes tenossinovite.
A colega Raquel relatou que mandou retirar as adolescentes daquele trabalho, por ser insalubre, com proibição expressa para tal faixa etária, tendo lavrado o competente Auto de Infração.
Foram os colegas surpreendidos com a defesa do Auto de Infração, onde a empresa insistia em permanecer com as adolescentes em tal situação, alegando que lhes forneceriam Equipamento de Proteção Individual - EPI e que tal solução seria possível, conforme nova Portaria a esse respeito.
Como são rápidos em descobrir falhas e lacunas nas normas para continuarem explorando impunemente os jovens trabalhadores!
Isso não aconteceria nos dias atuais, pois o uso de EPI não pode ser utilizado como argumento para anular a insalubridade ou periculosidade, quando se trata de adolescentes.
As adolescentes continuaram trabalhando, naquela época, e literalmente caíram “no laço” da DORT, já se ressentindo das dores nos pulsos, tornando doloroso até o ato de desabotoar seu próprio soutien.
Imagino que já estejam hoje, na condição de adultas, sentindo os efeitos nefastos dos aerodispersóides expelidos quatro mil vezes por dia, invadindo seu peito e alojando-se nos seus pulmões.
Com certeza, essas meninas já sabem melhor que a modelo da famosa propaganda de soutiens, que realmente, o primeiro soutien a gente nunca esquece, principalmente se você o tiver fabricado.
Com certeza, essas meninas já sabem melhor que a modelo da famosa propaganda de soutiens, que realmente, o primeiro soutien a gente nunca esquece, principalmente se você o tiver fabricado.
Marinalva Cardoso Dantas
Auditora Fiscal do Trabalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário